É, tudo é uma questão de referência, comparação a algo que conhecemos. A música é assim, o ritmo se dá por comparação temporal e a melodia por comparação tonal. Nada que um relógio atômico e Laplace não possam conceituar. Mas nada seriam se não houvessem pausas, silêncios, ausências. É disso que resmungo, o silêncio permite da música saudades - daquela nota não tocada, daquela música... A frequência fica como um número primo, sem par, a dançar.
Lamento não conhecer música, como lamentaria conhecer apenas o mundo do silêncio.A musicalidade só não me conforta debaixo do chuveiro, porque por mais que eu tente a harmonia sai tão ensaboada quanto os espirros soprando bolinhas de Lux. Tenho comigo um profundo desconforto por desconhecer totalmente as notas musicais. Diante delas sinto-me tão incômodo quanto sentar num banquinho de madeira com um violão debaixo do braço, em frente a um público que espera me ouvir... e nada apresento, senão um sorriso amarelado e um pedido de desculpas esfarrapado como um penetra em noite de gala. Meu consolo é tamborilar com os dedos numa mesa de bar e passear com a mão ao redor de um copo estupidamente suado regendo um perfil de escala musical. Evandrinho, as férias estão chegando... bota mais uma ceva na tua geladeira e deixa vibrar o diapasão, porque a tua musicalidade não pode deixar saudade sem que tomemos um gole da mais gostosa sonoridade. Grande abraço. Até daqui uns dias! Daggo
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