Mudando de saco pra mala de garupa, estava lendo uma tese de mestrado sobre cinema quando percebi, mais uma vez, a simplicidade da arte. Aquela advinda da inspiração humana, diferente em cada mente e admirada por todos. A admiração é proveniente do senso coletivo cultural do que é considerado arte, e possui uma linha tênue entre essa concordância e a ignorância. Entre os que concordam há nenhuma idêntica interpretação, pois são seres distintos, portanto, acredito que diferentes serão as ilusões sentimentais provocadas pela arte em questão.
É nesta diversidade de interpretações, baseada nas experiências distintas de cada um, que se constrói a amplitude desta magia, inversamente proporcional ao grau de liberdade ocupado pelos sentidos tocados pela arte.
Isto é uma interpretação minha, ainda sem uma certeza absoluta, mas intuitiva, talvez artística. Abrindo esta mala de garupa, vejo-a vazia, mas se olhar novamente, em outro momento de inspiração, vejo-a em volta de tudo que se pode imaginar, como um devaneio qualquer. Isto porque a mala de garupa é um objeto relativamente simples, permitindo ampla gama de sentimentos derivados da sua forma, cor e textura, puramente visuais. Mas, e se esta mala emitisse algum som? Mesmo sem a interação humana teríamos outro horizonte sensorial quanto à arte produzida. Não teríamos a liberdade de imaginar o canto de uma mala de garupa, teríamos que concordar todos, que é aquele que ouvimos, como o canto de um pássaro que todos conhecemos. Perde-se uma parte da arte que é a interpretação, por parte dos outros sentidos, do livre arbítrio.
Assim, temos nas formas artísticas monosensoriais, o mais amplo domínio de interpretação. Contrariamente, como exemplo, um filme onde além de ver e ouvir pudéssemos sentir o cheiro e o calor da cena. Ficamos presos ao autor nestes graus de liberdade.
Outro fato importante, é a valorização da arte, definida culturalmente de forma física, ou seja, é preciso ocupar espaço, como um quadro ou uma escultura. Mas e a música? Ah sim, o músico ocupa espaço... Então sempre haverá alguém que será culpado pela arte: É o ser que idealizou de alguma forma um sentimento coletivo, mas diferente em cada admirador.
Outro fato é a ligação entre sentimentos bons e a concordância significativa de arte. A ignorância sempre há de concordar com ela própria.
Antes torpediado, e morto! Do que morrer no desconhecimento.
Abraço pros Home, Bj pras Guria.